Diálogos internacionais entre duas universidades sobre experiências inovadoras: planejamento, aplicabilidade e resultados alcançados
Trabajo Nº:RES0134
Tipo:Oral
Tema:Desafíos de las TIC en el Prácticum y las prácticas externas
Autores: Joaquim Escola
UTAD (Educação e Psicologia)
jescola@utad.pt


Marisa Pascarelli Agrello
UNINTA (Pró- Reitora de Desenvolvimento Institucional do Centro Universitário Inta )
marisagrello@gmail.com

Marianina Impagliazzo
Centro Universitário Inta – UNINTA, Sobral – Ceará – Brasil. (Centro Universitário Inta - UNINTA)
mimpagliazzo@gmail.com

Carlos Torres Almeida
UTAD (Escola de Saúde)
calmeida@utad.pt
Keywords:Intercâmbio; Sala Invertida; Propostas Inovadoras, TIC
INTRODUCCIÓN

Neste trabalho discutiremos uma experiência em sala de aula em que foi utilizado o conceito de sala de aula invertida (ou flipped classroom) para o desenvolvimento no Curso de Enfermagem em duas Universidades: uma no Brasil, no interior do Ceará, na cidade de Sobral, UNINTA e a outra na cidade de Vila Real, região norte de Portugal, UTAD.

Este trabalho se mostra relevante nesse momento, pois muitos estudiosos da área defendem há décadas um novo modelo de educação, em que o aluno seja o ator principal e aprenda de forma mais autônoma, com o apoio de tecnologias. Mas, o que ressaltamos na maior parte das instituições de ensino quer brasileiro ou europeu é que persiste o modelo tradicional de ensino, em que o professor expõe os conteúdos e os alunos escutam, anotam os comentários para, somente depois disso, estudar, fazer exercícios e resolver possíveis situações-problema.

Nos dias atuais a sociedade possui grande influência da tecnologia em todos seus segmentos, adaptando-se a difusões de dados em alta velocidade e troca de informações em tempo real. A Educação, por sua vez, não pode ficar para trás, torna-se urgente à necessidade de se repensar os modelos tradicionais de ensino, pois a utilização de novas tecnologias apresenta um mundo virtual com enormes potenciais.

Pensar sobre uma Educação volvida à tecnologia, torna-se necessário repensar os critérios educacionais, apontando mudanças no trabalho de concepção de atividades didáticas que possam ser associadas ao uso de computadores ou de qualquer outra mídia (Cabral, 2005).

Esse procedimento de reiteração implica uma reestruturação dos conteúdos trabalhados, uma mudança de propostas pedagógicas, redefinição de teorias de ensino, um novo papel da instituição em relação à sociedade e, portanto, uma inovação na postura do professor (Miskulin, 1999).

A Sala de Aula Invertida vem sendo adotada em contrapartida à simples representação de processos e ao acúmulo de informações, onde o aluno estuda os conteúdos básicos antes da aula, a partir de vídeos de curta duração, textos, simulações, dentre outros recursos. Em sala de aula, o professor aprofunda o aprendizado a partir de situações-problema, estudos de caso ou atividades diversas e clarifica dúvidas e estimula o desenvolvimento do trabalho em grupo.

 

METODOLOGÍA

A metodologia que utilizámos é uma metodologia de cariz qualitativo. Está centrada no relato de uma experiência de intervenção em duas licenciaturas de enfermagem, em duas instituições de ensino superior, sendo que uma é em Portugal e outra no Brasil. Procurámos promover a integração das TIC e de outros meios e recursos de ensino nas práticas pedagógicas e, ao mesmo tempo, apostar em metodologias  ativas capazes de promover a participação ativa dos estudantes  em todo o processo de aprendizagem. 

Este trabalho teve ainda a intenção de apresentar o intercâmbio e colaboração em termos de investigação entre duas Universidades sendo uma no Nordeste Brasileiro e outra na região Norte de Portugal. Quisemos apresentar algumas experiências bem sucedidas na utilização de novos dispositivos tecnológicos e propostas pedagógicas nos cursos de Enfermagem de ambos países. Esse diálogo iniciou-se com o desejo do Reitor do Centro Universitário UNINTA em propiciar aos professores formação contínua, devido a maioria ser da área de saúde e estarem se deparando com muitas dificuldades quanto à didática em sala de aula. Os estudantes que frequentam atualmente os cursos são frutos de uma sociedade em acelerada transformação e desenvolvimento, com características muito próprias. Encontram-se muito familiarizados com os dispositivos tecnologicos no seu dia a dia, às vezes revelam uma maior proficiência que os próprios professores, estão sempre conectados, apresentam experiências inéditas onde se comprova a necessidade de uma maior interação (comunicação, colaboração, organização, participação) por meio de dispositivos eletrônicos como tablets, notebooks, smartphones, telemóveis, cinema, entre outros. Exploram redes de comunicaçãos e mantêm-se interligados através de diversos sistemas de comunicação e telecomunicação. É este conhecimento, esta familiaridade com a tecnologia, as competências digitais que ostentam que constituem desafios às Instituições de Ensino Superior (IES) para organizarem espaços de aprendizagem mais abertos, complementares dos já existentes, a fim de despertar o prazer continuado e renovado de aprender. Tal comprovação nos reporta ao compromisso de refletir acerca da utilização de diferentes metodologias de ensino e aprendizagem, bem como das tecnologias de informação e comunicação que as podem suportar. Espera-se, para isso, que estes novos suportes e dispositivos de aprendizagem apresentem características de apoio à flexibilidade, sejam de fácil implementação, sejam consistentes, permitam a atualização diante as tecnologias já existentes, favoreçam a compreensão, com suporte ao intercambio, cooperação e acesso a informações sempre atuais, de fácil utilização e com características de ubiquidade. O método da Sala de Aula Invertida é aqui apresentada como uma proposta com potencial pedagógico e passível de repensar os processos de ensino e aprendizagem e os espaços onde ocorrem, objetivando a inclusão de metodologias e tecnologias educacionais, no sentido de otimizar as etapas de difusão, construção e de apropriação dos conhecimentos.

Os objetivos desta investigação são os seguintes:

Apresentar de forma breve o projeto de formação de professores universitários, na área da enfermagem de um centro universitário no nordeste brasileiro e de uma universidade portuguesa no norte de Portugal;

Discutir resultados de investigação de projeto de formação docente no ensino superior num centro universitário no Brasil;

Discutir resultados de investigação centrados na utilização de práticas inovadoras com recurso à tecnologia em unidades curriculares (disciplinas), na licenciatura em Enfermagem, em duas universidades (uma portuguesa e uma brasileira);

Identificar os recursos tecnológicos mais utilizados na docência, neste ciclo de estudos, nas duas instituições;

Identificar as boas práticas no ensino superior no contexto de ensino teórico e prático (praticum) na área da saúde em duas instituições de ensino superior em Portugal e no Brasil;

Identificar dispositivos tecnológicos inovadores na didática do ensino superior nestes instituições.

Como instrumentos de recolha de dados utilizamos preferencialmente a observação direta, a análise documental. O estudo teve como contexto duas universidades (uma portuguesa e uma brasileira) e a licenciatura de enfermagem oferecida pelas duas instituições.

 

RESULTADOS

Para iniciar a abordagem sobre o trabalho realizado em duas Universidades no Curso de Enfermagem, sendo uma localizada no interior do Ceará, na cidade de Sobral denominada Centro Universitário UNINTA e a outra situada em Vila Real, região norte de Portugal designada Universidade Trás – Os – Montes e Alto Douro – UTAD, experiência relevante de duas situações onde a Tecnologia da Informação e Comunicação foi utilizada de maneiras diferenciadas, mas com resultados surpreendentes.

Na primeira Instituição a metodologia aplicada foi a “Sala de Aula Invertida” que passaremos a discorrer sobre seu conceito e aplicabilidade.

Sala de aula invertida, ou “flipped classroom”, é uma proposta que tende a modificar os padrões do ensino presencial, transformando sua coerência de organização tradicional. A sala de aula se modificar em um espaço ativo e interativo, possibilitando a concretização de atividades em equipa, estimulando debates e discussões, e propiciando o aprendizado do estudante a partir de diversos pontos de vista. Assim, para a melhor memorização dos conhecimentos e considerações apresentadas na disciplina, é necessário que o aluno resguarde um tempo para estudar o conteúdo antes da aula.

Ocorre uma inversão no modelo tradicional, ou seja, as tarefas que eram destinadas para serem realizadas em casa, passam a ser feitas na sala de aula aplicando-se o que foi estudado anteriormente por meio do material disponibilizado pelo professor.

Para que tal inversão possa ser projetada sem prejuízo às partes interessadas, é importante discutir os períodos de factos na comunicação e na assimilação dos conhecimentos e habilidades, apresentando exemplos de ações e atividades para ambos.

Há necessidade tanto do preparo do material pelo professor, quanto da disponibilização aos alunos, por meio de uma plataforma on-line (vídeos, áudios, games, textos e afins) ou física (textos impressos) antes da aula, de modo a possibilitar o debate presencial mais classificado devido a antecedente ponderação dos alunos a respeito do tema que será discutido. Nesse contexto, a sala se torna um ambiente rico em conhecimento, com a adoção de exercícios, atividades em equipa e discussões.

Na Sala de Aula Invertida se dá lugar à correspondência de visões, em que o professor adquire a ação de mediador do ensino, solucionando dúvidas, aprofundando o tema e estimulando o debate, de forma a proporcionar ao aluno um aprendizado mais amplo e completo possibilitando a ele, a noção de pertencimento e de corresponsabilidade entre o ensinar e aprender.

O professor passa a mediar e orientar as discussões e a realização das atividades, agora executadas em sala de aula, considera os conhecimentos e conteúdos obtidos previamente pelo estudante, isto é, fora do ambiente da sala de aula. O professor pode destinar o seu tempo de sala de aula, na presença dos alunos, para solidificar conhecimentos, para orientá-los, esclarecer as suas dúvidas e apoiá-los no desenvolvimento do seu aprendizado. É, portanto, uma proposta que apoia transformar alguns elementos do ensino presencial, recomendando uma alternativa à lógica tradicional (Berrett, 2012).

Moran e Milsom (2014) fizeram um estudo com professores de graduação e salientaram os principais resultados encontrados em pesquisas que utilizaram em Sala de Aula Invertida. Segundo os autores, algumas experiências sugeriram uma melhor atuação dos alunos em avaliações; outros descreveram um indicativo de que os professores se despontaram mais envolvidos com o conteúdo e que os alunos tinham maior confiança em sua capacidade de aprender de forma independente.

Tune, Sturek, e Basile (2013) estudaram os alunos de pós-graduação matriculados em Cursos de Fisiologia que utilizavam a Sala de Aula Invertida e notaram que as atividades realizadas antes da aula permitiram uma melhora no nível das discussões realizadas em sala. Tal estudo também revelou que esses alunos se saíram melhor nas avaliações que os do curso tradicional.

Nesse sentido, professores como Eric Mazur (Harward), Jon Stolk (Olin College), Jennifer Craig (MIT), Anastassis Kozanitis (University of Québec - Montréal), José Oscar Mur-Miranda (Olin College), Oscar Jerez Yañez (Universidad de Chile), entre outros, debatem esse enfoque como pré-requisito para inserir metodologias ativas de aprendizagem e também a valorização dos espaços presenciais em sala de aula.

Nessa proposta, tanto o professor quanto o aluno precisam modificar sua atitude. O aluno não é mais um mero contemplador e começa a agir ativamente, tornando-se o ator principal do seu aprendizado. O professor afasta-se do palco, deixa de agir como palestrante e se situar próximo ao aluno, auxiliando-o no processo de aprendizagem, adquirindo uma postura de orientador e tutor.

Segundo Mazur (2015), “ensinar é apenas ajudar o estudante a aprender”. Nesse sentido, discorrer conteúdos e considerações para alunos ouvintes e apáticos pode não ser a melhor maneira de ajudar. O aluno ouviu, mas, se não foi o satisfatório para assimilar e (re)significar os conteúdos, pode não ter aprendido.

      

Breve Relato da Inovação Pedagógica e a Sala de Aula Invertida nas Universidades Pesquisadas

                   No Ensino Superior, é preciso avançar na reflexão sobre as consequências, avanços e desafios trazidos pela Tecnologia, para o trabalho acadêmico na universidade, a exigir mudanças profundas na cultura organizacional da instituição. Para que essas transformações aconteçam, sabe-se que é preciso, no mínimo: flexibilização, diálogo, interações e parceria com as mais diversas fontes de produção de saberes; revisão e reformulação de bancos de dados e informações; implantação de novos processos informativos e de comunicação.

Desse modo, tem-se a sala de aula invertida (termo em português para “flipped classroom”), que é um Método de Ensino propagado por Bergmann e Sams (2012) a partir de suas vivências em espaços escolares de Ensino Médio nos Estados Unidos. Estes pesquisadores, a partir de análises anteriores realizadas em várias Universidades, propagaram este método com o objetivo de acolher aos estudantes esportistas, que se afastavam das aulas devido aos campeonatos dos quais frequentavam.

Nesta proposta cabe ao aluno realizar o estudo prévio dos conteúdos previamente disponibilizados e preparar-se para os encontros presenciais, nos quais devem ocorrer atividades de discussão, análise e síntese, aplicação, elaboração própria, sempre direcionada por problematizações. Ao professor não cabe, nesta proposta, a transmissão de conceitos e sim, a organização de sequências de atividades que partam de situações problema e levem os alunos à resolução de problematizações, resolvidas geralmente em grupos.

Com a preocupação de oferecer aos alunos a excelência na formação acadêmica o Centro Universitário UNINTA, na pessoa de seu Reitor, Professor Dr. Oscar Rodrigues Junior, oferece aos seus docentes uma Formação Contínua em Docência no Ensino Superior, onde contamos com a presença dos melhores profissionais nacionais e internacionais para ministrarem aulas, seminários e conferências sobre as atuais “propostas exitosas de ensino e aprendizagem”. O envolvimento de distintos investigadores e Professores nacionais e internacionais despertou o interesse em todos os participantes de buscarem novas técnicas e propostas inovadoras que propiciem o aprender a apreender de professores e alunos. Esse momento singular, aconteceu em final de agosto de 2018, dando início à implementação de vários diálogos, encontros e trocas de experiências entre os Cursos.

“Assim, o Centro Universitário UNINTA, iniciou com implementação do ensino com o uso da sala de aula invertida” realizou no dia 29 de novembro de 2018, por meio da: Pró- Reitoria de Carreiras da Saúde (PROCARES), oficinas de estudos sobre o processo de execução do Método de Ensino da Sala de Aula Invertida nos turnos da manhã e tarde onde participaram os coordenadores e professores dos Cursos de Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Nutrição.

A Gestora da Inovação Pedagógica, Francisca Francirene Tomaz Parente, pertencente a equipe do Dr. João José Saraiva da Fonseca, Diretor de Inovação Pedagógica da referida instituição, principiou com a avaliação do processo de ensino e aprendizagem desenvolvida no semestre, onde cada curso abordou a dimensão da satisfação, das necessidades, das expectativas e das sugestões de melhorias da coordenação, dos professores e dos alunos.

      Foram desenvolvidos estudos e debates por meio de textos, slides e vídeo contemplando o funcionamento, os benefícios e as etapas de implantação da Sala de Aula Invertida, fazendo integração com as metodologias ativas de aprendizagem. Os cursos sugeriram propostas pedagógicas para inverter a sala de aula elaborando e apresentando o plano de aula.

Essa nova dinâmica de ensino otimiza o contexto acadêmico estabelecendo o espaço de construção colaborativa do conhecimento em que os estudantes e os professores interagem para ampliar a aprendizagem. Atualmente as tecnologias como foco na diversidade das fontes de pesquisas são adotadas como recursos didáticos importantes na prática de ensinar e aprender como forma de desenvolver a proposta curricular que atenda a demanda social e cultural do mundo considerado moderno.

       No final do semestre foi realizado, também, o Fórum de Estudos dos Líderes de Salas em dois momentos, nos dias 06 e 11 de dezembro de 2018, atendendo os alunos dos Cursos da PROCARES com o tema “O processo de Ensino e Aprendizagem da Sala de Aula Invertida”, ministrado pela Professora, Francirene Tomaz.

Inicialmente foi realizada uma avaliação diagnóstica com os alunos sobre os avanços e recuos do processo de ensino e aprendizagem no semestre, como forma de identificar os desafios para serem replanejados e socializar as experiências exitosas desenvolvidas nos projetos de pesquisas no período em curso. Os acadêmicos registraram sugestões no tocante à satisfação, as necessidades e as expectativas do curso. Desta forma, os alunos começaram a ter a noção de pertencimento, ou seja, que eles são a “Universidade” e a excelência é compartilhado entre: Instituição, Coordenação, Professores, Alunos e Sociedade do entorno.

Vale lembrar que no período de implantação da Sala Invertida foi apresentada a sua definição e importância como espaço e tempo de aprender no mundo da “tecnologia avançada”. Os alunos manifestaram interesse pela implantação desta modalidade de ensino prontificando-se em se aprofundarem do assunto pela formação de grupos de estudos envolvendo a todos para um significativo ensino com o uso da “Sala de Aula Invertida”.

Assim, o mundo moderno concebido pela “tecnologia virtual” faz gerir a sala de aula invertida integrando a Educação com a Tecnologia, elementos que já estão presentes na vida dos estudantes, combinando o ensino presencial com o ensino online.

Hoje em dia, os materiais se encontram disponíveis para os estudantes fazerem leituras e entendimentos, sendo protagonistas da sua própria aprendizagem, fazendo autonomamente gestão e administração do seu tempo e espaço de estudos.

Segundo Rubem Alves (2001, p.1-2), as instituições de ensino devem ser: “asas e amar seus alunos em voo, elas existem para dar aos alunos coragem para voar, o voo deve ser encorajado”. Enfim, liberdade para os alunos com maior autonomia e responsabilidade pensarem e formarem o conhecimento com participação ativa, considerando o seu contexto de vida, a sua história, as suas experiências e expectativas de vida, respeitando o ritmo e a forma de aprender de cada um.

Atualmente, o ensino adota como recurso didático importante, as tecnologias, com foco na diversidade das fontes de pesquisas podendo repercutir no nível da qualidade da aprendizagem, apresentando aos educadores formas de integrar tecnologias digitais as propostas pedagógica, curricular e metodológica do curso.

Neste cenário aberto a outras ideias que contribuam para o desenvolvimento de projetos inovadores para a educação superior, buscou-se sublinhar alguns aspectos essenciais do processo de mudança educativa, a refletir-se na formação de profissionais críticos e competentes, exigidos pela sociedade atual.

Na opinião do Professor Edson Júnior que ministra a disciplina de Anatomia Humana no Curso de Enfermagem nos diz o seguinte: Atualmente o ensino tradicional da Anatomia Humana no Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINTA ocorre por meio de aulas teóricas, seguidas de aulas práticas em laboratório apropriado. Atualmente, novas tecnologias no ensino estão sendo viabilizadas para promover a modernização no ensino e participação do aluno nas aulas de forma dinâmica e empolgante. Trata-se de “games”, ou seja, softwares elaborados para implementar novas formas de interação em sala de aula. Na Enfermagem é indispensável à disciplina de Anatomia Humana, pois viabiliza o enfermeiro reconhecer os órgãos do corpo humano, a função e a organização desses órgãos em sistemas.

O objetivo principal é relatar a experiência de monitoria da disciplina de Anatomia Humana do Curso de Enfermagem.

A Metodologia se baseia em um relato de experiência de monitoria na disciplina de Anatomia Humana do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINTA, em Sobral, Ceará. Foram elaboradas aulas expositivas e dialogadas, juntamente com o professor titular da disciplina, e utilizou-se do programa Power Point 2017 para a elaboração dos slides, realizados grupos de estudos utilizando-se da Sala de Aula Invertida, acompanhamento dos alunos nas aulas teóricas e práticas em laboratório.

Os resultados em salas, foram apresentadas as aulas por meio de “games”, nos quais os alunos visualizavam as perguntas projetadas pelo Datashow no quadro, e respondiam marcando alternativas correspondentes às respostas que julgassem corretas na tela do seu smartphone. A partir dessas questões, o professor poderia exercitar o conteúdo com os discentes, discutir sobre os aspectos mais complexos do sistema estudado e melhorar o aprendizado.

O monitor da disciplina participou de forma fundamental nesse processo, visto que facilitava o manuseio do software, discutia questões e auxiliava o professor em todo o processo. As aulas teóricas eram, posteriormente, complementadas com aulas práticas em laboratórios, uma vez que foram oportunizados momentos nos quais os acadêmicos interagiram com as peças, aplicando os seus conhecimentos adquiridos em sala de aula. Além disso, as práticas laboratoriais foram realizadas com discussões em grupo de estudo para aprofundamento dos conhecimentos sobre as temáticas expostas.

A prática da monitoria proporcionou ao acadêmico a descoberta de novos conhecimentos e compartilhamento de informações entre professores e seus colegas acadêmicos, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, sobretudo na implantação de novas tecnologias no ensino. Além de sensibilização para a docência, o discente monitor teve compromisso e responsabilidade para desempenhar suas funções e estar sempre com tempo disponível (dentro do seu planejamento) para ajudar a esclarecer dúvidas dos colegas em relação aos assuntos da disciplina.

O recurso utilizado da Sala de Aula Invertida, ou seja, levantamento de questões por parte do professor para que os alunos buscassem soluções e se tornasse um desafio interessante fora da sala de aula, tornou a turma bastante motivada para a busca de respostas consistentes com a colaboração do monitor que também se beneficiou de uma aprendizagem significativa.

De acordo com o Professor Me. João Henrique Vasconcelos Cavalcante do Curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINTA, romper com métodos tradicionais de ensino tem sido uma meta de muitos educadores. Não se trata apenas de uma superação de métodos, mas de se utilizar das tecnologias disponíveis para potencializar ainda mais as experiências educacionais por meio de inovações pedagógicas.

Uma dessas tecnologias é a virtualização de objetos e espaços, que consiste em transformar um objeto ou espaço físico real em virtual. Para tanto é necessário o registro de imagens destes ambientes com uma câmera 360º que, captando todos os detalhes do ambiente, em diversos ângulos, possibilita múltiplas perspectivas de imersão nesse cenário. A possibilidade de edição das imagens com inclusão de textos explicativos, legendas, links e outras imagens expande ainda mais as possibilidades de ensino/aprendizado e permite uma imersão prévia do aluno, mesmo antes de lá estar presencialmente, ou ainda que esses sejam revisitados quantas vezes o aluno sentir necessidade. Visando ampliar as ferramentas pedagógicas em prol do desenvolvimento discente, o Centro Universitário INTA (UNINTA) tem investido em tecnologias educacionais, principalmente com o uso da informática, para tornar o aprendizado mais significativo e uma experiência que não esteja limitada ao tempo e espaço das salas de aula e da Sala de Aula Invertida que auxilia tanto professor quanto aos alunos em se tornarem corresponsáveis pela construção do conhecimento. A virtualização já é uma tecnologia em uso no UNINTA, em que laboratórios e peças anatômicas virtuais já fazem parte da rotina de ensino de algumas disciplinas e de cursos, como ferramentas de apoio. No entanto, há uma proposta de ampliação dos espaços virtualizados que estejam adequados a disciplinas específicas, como é o caso da disciplina de Enfermagem Obstétrica, ministrada pelo Professor que nos concedeu honrosamente sua experiência.

Assim, identificamos espaços diversos que já fazem parte da rotina de formação de nossos alunos, um deles a Sala de Parto PPP (pré-parto, parto e puerpério) de um hospital escola que é campo de práticas do UNINTA. Uma vez virtualizada, a sala de parto fica aberta para visitas de alunos e professores que poderão se familiarizar com o local e com equipamentos, permitindo um melhor preparo, principalmente dos discentes que irão ingressar no campo de práticas. Tal atividade não envolve o registro de pacientes ou colaboradores, se dá apenas a captação de imagens do ambiente e de equipamentos. Foi proposta, uma sequência simplificada de atividades para a consolidação do projeto:

  1. a) Reunião entre equipe técnica e gestores e profissionais do serviço;
  2. b) Visita da equipe técnica ao local de captação das imagens;
  3. c) Registro fotográfico do local com a tecnologia 360º;
  4. d) Levantamento bibliográfico para elaboração de “tags” explicativos; e material de apoio;
  5. e) Testes pilotos com alunos e docentes.

De acordo com o Professor Dr. Carlos Manuel Torres Almeida do Curso de Enfermagem da Universidade Trás os Montes e Alto Douro – UTAD, com o desenvolvimento tecnológico que se verifica nos nossos dias as Escolas de Enfermagem não podem deixar de pensar em aproveitar estas novas ferramentas para colocá-las ao dispor dos estudantes no processo de ensino aprendizagem. De uma forma global salientamos 3 experiências vivenciadas por nossos estudantes:

1ª Laboratórios de Prática Simulada

Uma das formas de potenciar o progresso tecnocientífico passa por integrar um desenvolvimento de laboratórios de aprendizagem simulada através do uso de modelos de alta fidelidade ou mesmo de modelos de realidade virtual. Os modelos de alta fidelidade permitem aos alunos simular técnicas e receber o relatório sobre os resultados da sua prática, o que falhou e o que correu bem, criando inclusive cenários virtuais.

2ª O Uso da Plataforma VOXVOTE

           As tecnologias podem hoje em dia ser um aliado na promoção do pensamento crítico e da reflexão na aprendizagem. A “plataforma voxvote” permite fazer sondagens, ou pequenos questionários online com apresentação imediata dos resultados. As questões são lançadas e respondidas através dos telemóveis dos estudantes, e os resultados são apresentados em forma de gráficos ou nuvens de palavras e de forma anónima. A sua aplicação tem sido experimentada no início de algumas aulas antes de ministrar os temas, mas precisamente para introduzi-los e prospetar a opinião e as ideias dos estudantes sobre o tema. Desta forma a explanação dos conteúdos parte da discussão e das ideias dos próprios estudantes que se tornam mais ativos e participantes da própria lecionação.

 

3ª O uso do Cinema

           Não é de hoje a descoberta das virtudes do cinema enquanto recurso didático. Também, no Ensino da Enfermagem na UTAD, principalmente para o desenvolvimento de competências humanas e relacionais, este pode ser um excelente recurso. “As peliculas, na sua ampla gama e variedade, constituem uma representação do mundo” (Moratalla, 2011, p.12) transformando-se, muitas vezes, num retrato vivo da difícil tarefa de ser Humano. A utilização do “filme” pode ter diferentes intuitos ou objetivos: pode ser usado para ilustrar ou demonstrar os conteúdos ou conceitos transmitidos, pode ser usado para mostrar diferentes posições, visões ou argumentações sobre diversos temas e pode, ainda, servir para ajudar o estudante no processo de deliberação ética, sendo que, neste caso, exige um largo trabalho de análise e de debate (Moratalla, 2011).

Têm-se realizado experiências de utilização de filmes que permitam principalmente analisar as vivências dos doentes face ao internamento, à doenças, bem como as atitudes dos profissionais, sendo que os estudantes têm referido 3 vantagens principais para a integração do cinema nas práticas letivas como recurso pedagógico:

  1. a) Cativa a atenção/interesse do estudante: Em relação à primeira categoria não podemos esquecer que atualmente a imagem ganha claro destaque no desenrolar da vida de cada um… seja na publicidade, na informação, na definição de estilos de vida, ou mesmo no desenvolvimento das relações sociais, por isso, não será de estranhar que o estudante encare o cinema como algo que   “contribui para a captação da atenção e interesse do alunos aproveitando assim o rendimento dos mesmos” #1.
  2. b) Facilita a compreensão dos conteúdos teóricos: A segunda vantagem apontada é a facilitação da compreensão dos conteúdos, pois como referido “quando visualizamos algo conseguimos entender muito melhor, assim o cinema pode ser uma maneira de compreender e transmitir certos conceitos teóricos que provavelmente apenas ao serem explicados pelo professor não iam ficar tão bem entendidos” #9. Esta mesma ideia já é encontrada num estudo de Barros, Girasole e Zanella, (2013) que concluíram que o vídeo em si pode-se transformar em um importantíssimo recurso pedagógico, uma vez que a experiência proporcionada representa uma função alternativa de disseminar a informação, tornando viável a exemplificação de conceitos até então abstratos.
  3. c) Abre novos horizontes: Por fim existiu ainda a referência ao facto de o cinema “alargar horizontes” na medida em que transporta muitas vezes para realidades que se sabem existir, mas que não se conhecem.
CONCLUSIONES

Os resultados provisórios que obtivemos até ao momento mostram que na licenciatura de Enfermagem, nas duas instituições de ensino superior em que realizámos a investigação,  há uma transformação efeitva das práticas dos professores universitários. O Curso de formação pedagógica dos professores universitários do UNINTA  têm tido, como contraponto, o aumento da produção de objetos de ensino por parte do corpo docente, o que revela um aumento da integração das TIC e de práticas inovadoras no ensino nesta área de conhecimento e de ensino.

Nesta investigação foi evidete que o estudante se encontra no núcleo central do processo de ensino e aprendizagem. Verificámos que há uma aposta institucional em promover no ensino da enfermagem o acesso a condições de aprendizagem que colocassem o estudante em contextos reais e também em outros contextos muito próximos do que virão a ser os da sua prática profissional. Podemos constatar que houve recursos constante a metodologias ativas, a dispositivos que envolvessem muito mais os estudantes em todos os momentos do pocesso. Mesmo nas aulas de cariz teórico prática abriram espaço a opções em que as escolhas dos estudantes se revelam essenciais na organização e estruturação dos processos de aprendizagem. A motivação e o interesse aumentou substancialmente na esmagadora maioria dos estudantes, sobretudo quando se recorreu ao cinema, à fotografia, ao laboratório simulado, à plataforma voxvote, à sala de aula invertida, entre outros.

Constatámos também que houve, por parte dos docentes, uma utilização de uma diversidade recursos tecnológicos, que revelam possibilidades didáticas muito relevantes. Estes permitem um maior envolvimento dos estudantes em todos os momentos da aprendizagem, o reforço das aprendizagens já realizadas, a construção ativa de conhecimentos mesmo durante as atividades previstas.

Comparativamente sentimos que as duas licenciaturas fazem apostas diferenciadas mas estão ambas muito centradas nos processos de inovação e inegração dos dispositivos tecnológicos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Valente, José Armando. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado: uma experiência com a graduação em midialogia. Disponível em: http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/B/BACICH_Lilian/Metodologias_Ativas_Educacao_Inovadora/Lib/Amostra.pdf Acesso em: 12/maio/2019.